Chuveiro Desligado

Gabriel Schulz
2 min readFeb 14, 2020

Hoje eu descobri porque depois dos treinos os atletas mergulham numa banheira de gelo. Primeiro que faz bem para os músculos. Segundo, acredito eu, o real motivo são as explicações fisiológicas da fórmula mágica para a vitória desportiva.

Você já tomou um banho gelado hoje? Existe um cara por aí, desses que desistiram de uma vida urbana e foi morar no topo de uma montanha, vivendo só da natureza e que usa O Método da Água Gelada. Concordo com ele, água gelada é bom demais. Use para tudo.

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Claro que ninguém foi curado do câncer tomando banho gelado. Mas a cura daquela dor de cabeça por ser um tremendo chato, isso eu tenho certeza. Como? Bom, eu sou um chatolóide e acabei de sair de um banho gelado. A dor passou e as impurezas foram embora. Parte dela na verdade, ainda tenho um negócio dentro de mim que me mantém sujinho.

Somos de um país tropical. Estamos abaixo da linha do Equador e isso nos traz a essência latina que está no sangue de um país tremendamente quente, abafado e seco.

Tá, eu sei que faz frio em alguns lugares e chove o tempo inteiro em outros (Curitiba nossa Londres chuvosa, São Paulo a terra da garoa e por aí vai). Você não pode negar que o banho gelado deveria estar em alguma estrofe do nosso hino. Já foi na Chapada dos Veadeiros e tomou aquele banho de cachoeira? Pois é.

O que seria de mim sem uma ducha deliciosamente gelada, banhando meus problemas existenciais? Esse texto não existiria e nem metade do que foi escrito aqui. Tomar banho é religioso. Deus está nos melhores banhos, os gelados.

Penso na quantidade exacerbada de tristeza que já escorreram ralo abaixo. Dos arrependimentos da vida que nos deixam felizes, pois se humilhar faz parte de todo um processo de humanização de nós mesmos. Ser uma pessoa melhor requer muito trabalho e muito banho também.

Você já se arrependeu depois de um banho gelado hoje? Metafórico ou não, banhos gelados podem ser um processo que não queremos passar, mas ele existe e você precisa dele.

Ainda bem que minha mãe nunca teve esse desgosto em mim, o filho que não toma banho. O único amargor que ela carrega de mim é que sou um tremendo de um chato que precisa constantemente de banhos, dos mais gelados. Daqueles que você sai com os lábios roxos e tremendo igual vara verde.

Sei que morar no topo da montanha, viver de banana e água gelada não é solução. Mas é uma possibilidade de descobrir que uma água gelada num corpo quente e doente não vai matar ninguém, pelo contrário. E também não preciso fazer uma grande busca. Aqui do meu lado tem uma ducha.

Revisão por Dona Angélica Pereira Schulz

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