Epifania do Banho
Eu gosto de tomar banho e dependendo do dia são uns três. E para melhorar a experiência alguns deles é com o chuveiro desligado, banho gelado mesmo. Afinal, moro em Brasília e pelo menos 6 meses aqui é de puro calor, seja secura ou só aquela frente fria de 38 graus que vem do Piauí. Banho gelado é tão bom que tenho certeza que devem haver uns gurus malucos (charlatões provavelmente) que se enfiam no meio do mato e promete curar o câncer só com banho gelado.
Acho que foi um dia cansativo, o corpo e a mente já desgastados com trabalho e tristezas, eu me preparava para um longo e gostoso banho. Querendo limpar o suor e as angústias, ver escorrendo pelo ralo as chateações. Aconteceu sim essa limpeza etérea que só os banhos trazem.
Além disso, vieram aqueles pensamentos que te transformam no Einstein do século XXI, você entra num estado de consciência tamanha que nem a Teoria da Relatividade dá conta de explicar. Precisaria de três Newtons e dois Platões para dar respostas aos questionamentos que transbordaram minha mente naquele momento.
Enquanto o cheiro de Phebo Lima da Pérsia tomava conta do ar, vieram tantos textos enterrados no fundo da gaveta da minha biblioteca memética que precisei terminar o banho mais rápido. A corrente da água da criatividade estava jorrando e a ansiedade veio com tudo.
Mal me sequei já estava com meu caderno em mãos, mas vi que era tanto texto e tantos parágrafos no pensamento que achei que não ia dar conta. Vim para o computador, mais rápido para dar tempo de editar as frases desconexas e organizar os escritos sem sair um amontoado de palavras sem sentido.
Passadas mais ou menos umas três horas eu já estava ofegante e com a testa suando. O cérebro que precisava de um descanso noturno estava exausto de novo. Mas de uma forma agradável, senti um alívio. Escrever sobre momentos de inspiração é algo quase que indescritível. Os dedos no teclado do computador ficam mais rápidos e você vai observando uma construção textual que, antes, era apenas guardada na cabeça.
Tome banho, se possível, gelado. Mas se não, tome banho de qualquer forma.
Revisão por Dona Angélica Pereira Schulz
Leia aqui um dos textos que saiu desta epifania: O Aconchego — Parte I
Qual bebida?
